“uma andorinha só não
faz verão mas pode acordar o bando todo”
Binho
Localizada entre os bairros Jd. Rebouças e Jd. Umarizal, região do Campo Limpo a Brechoteca - Biblioteca Popular está situada entre as duas favelas da região, - a Itamarati e a Chapenas - precisamente na entrada da favela Itamarati, local de grande circulação e de fácil acesso aos moradores da região.
A Brechoteca iniciou suas atividades em 2009, pelas mãos do poeta e
articulador cultural Robinson Padial (Binho, do Sarau do Binho) e de sua irmã
Lola. Alugam um salão e montam a biblioteca comunitária juntamente com um
brechó, realizando empréstimos de livros e ações culturais e de incentivo à
leitura como premiações, circulação da bicicloteca, almoços literários e
exibições de filmes -Cine Beira Rio.
Inicialmente as vendas de artigos do brechó manteve os gastos da
biblioteca, garantindo, com certa dificuldade, a manutenção das despesas.
Nasceu aí o nome Brechoteca: brechó-biblioteca.
Em 2012 por motivos pessoais a Lola não pode manter a biblioteca
aberta, ficando alguns meses fechada, e em outubro de 2012, Bianca que conheceu
a Brechoteca e se encantou com o trabalho realizado, escreve para Poeta Binho
contando sobre seu projeto de incentivo à leitura e se seria possível realizar o projeto na Brechoteca e somar com o trabalho já existente. Daí pessoas chegam e um grupo se forma - Cris Lima, Mara Esteves, Abraão Antunes, Djeanne Firmino, Mirela
Santos e Bianca Pereira frequentadores e amigos do Sarau do Binho, nasce então o Coletivo Achadouros de Histórias,
A adaptação do ambiente que comporta a biblioteca num espaço acolhedor e
que fosse, por si só, um convite à leitura, preparado para receber o leitor
para um momento íntimo com o livro - ação inicial do Coletivo Achadouros de
Histórias - foi elaborada e executada durante nossa aproximação com a
comunidade do entorno. Durante a adequação do espaço, realizamos mediações de
leitura e brincadeiras com as crianças, atividades construídas coletivamente e
efetivadas com a participação dos leitores - em sua maioria crianças de 03 aos
15 anos.
Desde 2012, nosso grupo é o responsável pela gestão do espaço,
elaboração e articulação das atividades, tendo como foco as possibilidades de
acesso ao livro, à leitura, à ressignificação da leitura de mundo e ação na
história.
Em 2013 inscrevemos nossa proposta de trabalho ao Programa VAI (Secretaria Municipal de Cultural) e fomos,
assim, contemplados com o Projeto Achadouros de Histórias. Durante o
desenvolvimento do projeto nesse ano, discutimos e elaboramos ações que
dialogassem com o hábito da leitura, propiciando a aproximação com os gêneros
literários por vezes distantes do acesso popular - como a literatura africana e
nativa (indígena).
Para alcançar os
objetivos propostos, realizamos mediações de leitura na biblioteca e nas vielas
próximas. Contações de histórias e encenações teatrais com a participação de
grupos e iniciativas de artistas locais, brincadeiras e danças de roda,
oficinas artísticas , cinema e saraus bimestrais - atividade realizada
prioritariamente pelas crianças que, em sua maioria, recitavam, liam e
cantavam, portanto, agentes atuantes na prática do compartilhamento de seus
saberes no contato com a leitura.
O ano de 2014 nos
apresentou novos desafios. Novamente fomos contemplados pelo VAI I para
seguirmos com as atividades na Biblioteca. Mas perdemos uma pessoa muito
importante para o grupo, Djeanne Firmino. Com o seu falecimento abrupto,
tivemos que, junto com as crianças frequentadoras da biblioteca (também muito
vinculadas à ela), ressignificar o espaço, a falta de uma pessoa tão envolvida
e querida e até mesmo os sentidos das nossas buscas naquele espaço: sede de
encontros, de conhecer e ressignificar histórias: Achadouros de histórias.
Em 2015 grande foi a
comemoração ao sermos novamente contemplados pelo Programa Vai, agora na
modalidade II. O que possibilitou ampliar e dar continuidade às atividades
desenvolvidas nos anos anteriores, à equipe, e à rede no território com o
fortalecimento das trocas entre os parceiros já mencionados e novas
articulações envolvendo a Emef Dr. Sócrates, a UBS Jd. Olinda, CRAS e
CREAS (a partir do acompanhamento de caso), Parque dos Eucaliptos, Parque
Alfredo Volpi, Coletivo Parque de Bambu, Coletivo Aqui que a Gente Brinca,
lideranças comunitárias e moradores atuantes na área da educação, assistência
social e agroecologia.
O apoio do Programa
Vai possibilitou a reforma do espaço da Biblioteca, proporcionando um ambiente
ainda mais aconchegante e acolhedor, fazendo com que mais pessoas notassem esse
espaço de cores, estantes cheias de livros e crianças brincando. A reforma aproximou
o público que antes sequer notava ou não entendia o que acontecia ali, e agora
chega, pergunta e em alguns casos sai com pelo menos um livro emprestado. O
impacto foi direto e significativo no número de leitores e empréstimos de
livros.
Implantamos a
metodologia de assembleias democráticas para discutir e solucionar as questões
que envolvem a dinâmica da Biblioteca e as relações entre os leitores. Nesses
espaços de fala e reflexão, o diálogo franco é estabelecido. A responsabilidade
individual e coletiva é estimulada e são experienciados valores democráticos,
da cultura de paz e da justiça restaurativa, sempre de maneira lúdica,
ampliando horizontes entre os participantes, afetando as relações interpessoais
no dia-a-dia e ampliando sentimentos de pertencimento e responsabilidade,
sobretudo que afloram dentro da Biblioteca deles.
Outra ação importante
foi o plantio na beira do Córrego Olaria - nosso “Jd. Cultural das
Flores” (nome dado por um leitor de 12 anos), que ressignificou a relação dos
moradores com o lugar (antes um ponto de descarte de lixo) e aproximou o
público adulto, assim como a realização da Rua de Lazer em parceria com o
Coletivo Aqui que a Gente Brinca.
Neste ano de 2016 continuamos na luta por manter o espaço aberto, em busca de recursos, apoios e parcerias.
Seguimos sonhando...
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