Coletivo
Achadouros de Histórias - grupo gestor da Brechoteca Biblioteca Popular.
Carta
Aberta aos leitores, parceiros, amigos e apoiadores
A Brechoteca precisa da sua ajuda
para não fechar as portas!
Como muitos sabem, a Brechoteca -
Biblioteca Popular é uma biblioteca comunitária que atua na região do Jd.
Rebouças/Campo Limpo desde 2009. Nossa atuação tem caráter cultural e social,
sem fins lucrativos, com foco em ações de fomento a leitura e beneficia
diretamente um público de 338 leitores, em sua maioria crianças e adolescentes,
moradores do entorno. Para manter o funcionamento diário do espaço e suas
atividades concorremos anualmente em editais que competem aos órgãos
municipais, estaduais, inclusive, prêmios vinculados ao governo federal, correndo
o risco de sermos contemplados ou não.
A Brechoteca está sediada em um imóvel
comercial e privado e vivencia o excessivo aumento do aluguel, além daquele
acordado conforme o IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) - de R$ 630,00
(2013) passaremos à R$ 1.300,00 na próxima renovação de contrato (abril/2016).
Sendo assim, a presente situação coloca em risco a sustentabilidade e
continuidade desse projeto, uma vez que, o aluguel continuará a subir ano após
ano. Diante deste contexto, para continuar com a nossas
ações e lutas pela democratização de acesso ao livro e fomento a leitura,
estamos buscando na região do Jd. Rebouças/Jd. Umarizal - Campo Limpo um espaço
público ou prédio abandonado, espaço, sala, galpão que possa abrigar nossa
biblioteca comunitária.
O desafio
da sustentabilidade acompanha a nossa história. A Brechoteca foi idealizada e
mantida até 2012 pelo poeta Binho (Sarau do Binho), sua irmã Lola e família.
Neste período, iniciaram as atividades de acesso e fomento ao livro e a
leitura, mas a biblioteca dividia espaço com um brechó de roupas e objetos,
cujas vendas não cobriam os gastos mensais do espaço, tendo que ser mantido
pelo Binho. A partir 2012 o Coletivo Achadouros de histórias vem fazendo a
gestão do espaço da biblioteca comunitária, sendo possível a continuidade das
ações mediante a escrita e da seleção em Editais pontuais como o Programa VAI (Secretária Municipal de Cultura) e, por
vezes, contando ainda com a ajuda pessoal do Binho (nos meses iniciais do ano
onde não temos recursos para custear o aluguel - caso de 2013 e 2015).
O ano de 2015 foi muito importante para a
Brechoteca. Um ano em que, ao mesmo tempo que aprofundamos nossas raízes e
vínculos com a comunidade, espraiamos nossas ações para o território, em um
trabalho Inter setorial envolvendo diversos atores locais: o CCA Aquarela
(assistência social), UBS Jd. Olinda (saúde), EMEF Dr. Sócrates Brasileiro
(educação), Biblioteca Pública Marcos Rey (cultura), Coletivo Aqui que a gente
brinca,
Coletivo Xiloidentidade, Parque Municipal dos Eucaliptos, Sarau do
Binho, FELIZS (Feira Literária da Zona Sul), Rede de educadores brincantes,
entre outros. Foram diversas ações conjuntas e o reconhecimento chegou de forma
duplamente especial: pela comunidade, que se aproximou - e se apropriou - ainda
mais do espaço (especial menção à mães que estreitaram laços com a biblioteca e
com o jardim comunitário que criamos na beira do Córrego da Olaria) e pelo
poder público, por meio do Prêmio Todos por um Brasil de Leitores 2015, onde
fomos contemplados na categoria A (boas práticas e projetos inovadores em
Bibliotecas Comunitárias/Pontos de leitura) na 12º posição, porém ainda não se
tem previsão de quando o repasse do recurso será realizado.
Desde
janeiro deste ano não temos verba para custear o aluguel, água, luz e telefone,
e a ajuda de custo das 4 pessoas que atuam na biblioteca (Bianca, Mara, Cris e
Alessandra). Hoje estamos trabalhando na Brechoteca de forma voluntária, sem
nenhum tipo de auxílio, o que limita e põe em risco nossa atuação no espaço,
dadas as responsabilidades comuns a vida de todo trabalhador.
Tivemos
também a grande alegria no início deste ano de 2016 de fazer parte do polo de
bibliotecas comunitárias, LiteraSampa, que tem como objetivo desenvolver estratégias de sustentabilidade política,
financeira, técnica e ações coletivas. As organizações que compõem o Polo
possuem em comum projetos de formação de leitores e são apoiadas pelo Programa
Prazer em Ler do Instituto C&A, os recursos provenientes deste apoio são
muito importantes e chegam em boa hora para a Brechoteca, mas este recurso não
consegue dar conta de todos os nossos gastos.
Sabemos que a vulnerabilidade financeira
a que estamos expostas é a mesma de várias bibliotecas comunitárias, somos mais
de 100 na cidade de São Paulo, estamos nas bordas, nos fundões, nas periferias,
fazendo o que o poder público deveria fazer, porque bibliotecas deveriam
existir em todos os lugares da cidade.
Reconhecemos
que um grande avanço foi dado no reconhecimento da autenticidade do plano municipal
do livro, leitura, literatura e biblioteca (PMLLLB) na cidade, que tem como uma
de suas diversas metas o fomento às bibliotecas comunitárias, mas sabemos que a
luta está só começando e ainda há muito o que se conquistar, e que isso leva tempo, e até os recursos
chegarem, talvez muitas bibliotecas criadas e geridas pela comunidade deixem de
existir.
Por isso, vimos a público para expor nossa realidade (que sabemos vai de
encontro com as necessidades de muitas outras bibliotecas comunitárias), e
ressaltar a importância de garantirmos políticas públicas que fortaleçam
iniciativas que atuam pelo direito à cultura e à ocupação dos espaços públicos,
seja por meio do fomento à literatura, dos saraus, da música, da dança, das
brincadeiras e manifestações populares.
Seguimos na luta, em busca de um espaço que possa abrigar a Brechoteca!
E toda e qualquer forma de apoio é bem-vinda!
Brechoteca
Biblioteca Popular.
Coletivo
Achadouros de Histórias
Alessandra
Leite, Bianca Pereira, Cristiane Lima e Mara Esteves.